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Lei Maria da Penha: Como Retirar Queixa em Violência Doméstica

Como advogado criminalista, frequentemente me deparo com casos em que vítimas de violência doméstica consideram a possibilidade de retirar a queixa contra o agressor.


Este é um tema complexo e delicado no direito penal, especialmente no contexto da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que visa proteger as mulheres contra a violência doméstica e familiar.


Retirada da Queixa de Violência Doméstica pela Vítima:


  • Natureza da Ação Penal: A maior parte dos crimes de violência doméstica enquadrados pela Lei Maria da Penha são de ação penal pública incondicionada. Isso significa que, uma vez iniciado o processo, a continuidade dele não depende da vontade da vítima. No entanto, em crimes de menor potencial ofensivo, como ameaça, a ação penal é pública condicionada à representação da vítima, permitindo, neste caso, a possibilidade de desistência da queixa.


  • Processo de Retirada: Em situações onde a lei permite, a vítima pode solicitar a retirada da queixa. Isso geralmente ocorre antes do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. O pedido deve ser feito ao juiz, que conduzirá uma audiência para assegurar que a decisão da vítima é voluntária e livre de qualquer coerção ou influência.


  • Implicações: A decisão de retirar a queixa é pessoal e complexa. Pode ser influenciada por diversos fatores, como medo de retaliação, dependência financeira ou emocional, pressão familiar ou social, ou até a esperança de reconciliação.


  • Papel do Advogado: Como advogado, é crucial assegurar que a vítima compreenda as implicações legais e pessoais de retirar a queixa. É importante garantir que a decisão seja informada, livre de pressões externas, e que a vítima esteja ciente dos recursos de apoio e proteção disponíveis.


  • Medidas Protetivas de Urgência: A retirada da queixa não implica automaticamente na revogação das medidas protetivas de urgência que podem ter sido impostas, como afastamento do lar ou proibição de contato com a vítima. Estas medidas continuam válidas até que o juiz decida sobre sua manutenção ou revogação.


Conclusão:


A retirada da queixa em casos de violência doméstica é uma decisão que requer cuidadosa consideração e suporte legal adequado.


Como advogado, meu papel é fornecer uma orientação jurídica clara, assegurando que os direitos e a segurança da vítima sejam a prioridade em todo o processo.


A Lei Maria da Penha foi um avanço significativo na proteção das mulheres contra a violência doméstica, e é essencial que seu espírito e suas disposições sejam integralmente respeitados e aplicados para garantir a justiça e a proteção das vítimas.

 
 

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